macho
macho
em busca de pistas
caçando
fêmea e juvenil
cria
ninhada
Lynx issiodorensis
mapa de distribuição
https://www.youtube.com/watch?v=DyAVetUJlvI
reino Animalia
filo Chordata
classe Mammalia
ordem Carnivora
família Felidae
nome científico Lynx pardinus Temminck
sinónimos Felis pardina Temminck
nome comum Lince-ibérico, Lince da
Malcata, Iberian Lynx, Pardel Lynx, Spanish lynx, Lynx ibérique, Lynx d'Espagne,
Lynx pardelle, Lince ibérico
etimologia dos nomes
os verdadeiros linces são
membros do género Lynx, nome latim
que deriva do grego "lyngz”, e talvez do vocábulo proto-Índo-Europeu
“leuk” que significam “luz”, fazendo alusão ao seu apurado sentido da visão,
que lhes permite caçar no escuro.
evolução e taxonomia
o lince-ibérico é uma espécie
de mamífero descrito em 1827 por Coenraad Jacob Temminck, inicialmente no
género Felis; anteriormente
considerado uma subespécie do lince-euroasiático, estudos morfológicos e genéticos corroboram a hipótese
de ser uma espécie separada; ambas as espécies percorriam juntas a Europa
central durante o período Pleistoceno, separadas apenas por escolhas de
habitat;
não são conhecidas subespécies
do lince-ibérico.
a linhagem dos linces
divergiu da dos outros felídeos há cerca de 7,2 milhões de anos; o género Lynx começou a diversificar-se há cerca
de 3,24 milhões de anos, e o lince-ibérico separou-se do lince-euroasiático há
cerca de 1,18 milhão de anos; segundo Werdelin (1981), os linces evoluíram a
partir do Lynx issiodorensis; o
lince-ibérico e o lince euroasiático eram endémicos da Europa Central durante o
Pleistoceno; o isolamento do ancestral comum entre essas duas espécies, no sul
da Península Ibérica em refúgios na Era do Gelo, culminou no surgimento do
lince-ibérico, resultado de uma diminuição do porte desta espécie; tal
diminuição no tamanho é observada no registo fóssil e provavelmente deu-se pela
especialização do felídeo em caçar coelhos.
estatuto
de conservação
está classificado como “EN - Em
perigo” pela Lista Vermelha da IUCN e listado no Anexo I da CITES;
o lince-ibérico foi uma
espécie em perigo crítico até 2015, para agora ser considerada uma espécie em
perigo; ainda assim, é a espécie de felino mais ameaçada no mundo e o carnívoro
em maior perigo na Europa: de acordo com o grupo de conservação SOS Lynx, se o
lince-ibérico desaparecesse, seria a primeira espécie de felino a ficar extinta
desde o Smilodon populator, há 10.000
anos; está categorizado como espécie em perigo por várias organizações,
incluindo a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN); a
reprodução em cativeiro e os programas de reintrodução têm aumentado o seu
número; em 2013, a Andaluzia tinha uma população de 309 indivíduos em estado
selvagem e em Dezembro de 2014 foram reintroduzidos os primeiros exemplares em
Portugal, com previsões para mais reintroduções durante o primeiro semestre de
2015; numa tentativa de salvar esta espécie da extinção, teve início o projecto
Europeu de Vida Natural que inclui a preservação do habitat, monitorização da
população do lince, e gestão das populações de coelho;
justificação
após
seis décadas de declínio e uma marcada contracção do habitat, entre 2002 e
2012, o tamanho da população do Lince Ibérico aumentou continuamente para 156
indivíduos maduros nas duas subpopulações selvagens restantes (Simón et al.,
2012); da mesma forma, a área de ocupação experimentou um aumento de três vezes
para chegar a 1.040 km2; uma subpopulação contém 68% de todos os indivíduos
maduros; doze indivíduos maduros sobrevivem em duas localidades adicionais onde
reintroduções estão em andamento (Simón et al., 2012); como resultado do
aumento da população, o lince-ibérico já não se qualifica no estado de “Criticamente
em Perigo” e, portanto, está classificado como “Em Perigo” sob o critério D; o
melhor estado desta espécie é devido a intensas acções de conservação
contínuas;
projeções
demográficas detalhadas sugerem que a expansão futura do habitat e o aumento da
população dependem de reintroduções contínuas; na ausência de reintroduções, um
declínio acentuado viria a ocorrer rapidamente e a extinção deveria ocorrer
dentro de 35 anos (Fordham et al., 2013); as principais ameaças futuras incluem
a incerteza sobre a identidade e a intensidade dos condutores ambientais em
presas de lince nas regiões onde os esforços de conservação estão actualmente
concentrados e a incerteza sobre a adequação dessas regiões para o lince sob as
futuras mudanças climáticas (Fordham et al., 2013).
características
morfológicas
apresenta muitas das
características típicas dos linces, como orelhas peludas com tufos de pêlos
negros em forma de pincel nas extremidades, pernas longas, cauda curta e um
colar de pêlo que se assemelha a uma barba, de ambos os lados das faces; ao
contrário dos seus parentes mais próximos, o lince-ibérico tem uma cor castanho-amarelada
com manchas; o pêlo também é mais curto que o de outros linces, que geralmente
estão adaptados a ambientes mais frios; apresenta um padrão de pintas negras
muito denso, geralmente com uma cor mais intensa durante os meses do Verão; a
pelagem do ventre é muito clara; algumas populações ocidentais não tinham
manchas, no entanto acredita-se estarem extintas; tem havido recentemente
estudos sobre a configuração das manchas e a determinação do grau de
diversidade genética dentro da espécie
o comprimento da cabeça e do
corpo é de 85 a 110 centímetros, com a pequena cauda a acrescentar um
comprimento adicional de 12 a 30 centímetros; o tamanho dos ombros é de 60 a 70
centímetros; o macho é maior do que a fêmea e podem pesar até cerca de 27 kg,
enquanto que a fêmea apresenta um peso médio de 9,4 kg; tal é cerca de metade
do peso do lince-euroasiático;
o lince-ibérico é um caçador
muito especializado e que apresenta certas adaptações que melhoram a sua
capacidade de capturar e matar pequenas presas; têm um crânio encurtado, o que
maximiza a força da mordidela dos caninos; os seus focinhos são mais estreitos
e têm mandíbulas mais longas e caninos menores do que animais que se alimentam
de presas maiores;
como todos os felídeos, o
lince-ibérico tem pupilas verticais e uma visão excelente, especialmente quando
há pouca visibilidade; têm também reflexos apurados; os bigodes fornecem dados
tácteis muito detalhados e as orelhas proporcionam uma excelente audição; a maior
parte dos gatos solitários são silenciosos, excepto quando se sentem ameaçados
ou quando os juvenis se encontram em perigo.
ocorrência,
habitat e ecologia
Nativo de
Espanha;
Reintroduzido
em Portugal;
em
Portugal os territórios de distribuição histórica da espécie, são: Sítio de
Rede Natura de Monchique; Sítio de Rede Natura do Caldeirão; Parque Natural do
Vale do Guadiana; Sítio de Rede Natura de Moura/Barrancos e Parque Natural da
Serra da Malcata;
prefere
o bosque, matagal e mato denso mediterrânico com áreas abertas e muita
vegetação arbustiva;
o
lince ibérico está limitado a duas regiões distintas do sudoeste da Espanha, a
saber, a Serra Oriental Morena e as planícies costeiras a oeste do baixo
Guadalquivir; estas subpopulações isoladas foram nomeadas por Simón et al.
(2012) como Andújar-Cardeña e Doñana-Aljarafe, respectivamente; dois novos
núcleos estão a ser fundados, embora a reintrodução 30 km sudoeste
(Guadalmellato) e nordeste (Guarrizas), respectivamente, da sub-população
Sierra Morena existente, continha algumas fêmeas reprodutoras em 2012 (Simón
2013); cinco locais adicionais em quatro regiões espanholas (Andaluzia,
Castilla-La Mancha, Extremadura, Múrcia) e Portugal estão a ser preparados para
reintrodução; o primeiro lançamento em Portugal aconteceu no final de 2014 (projecto
LIFE da Iberlince 2014);
até ao século XIX o
lince-ibérico encontrava-se distribuído por toda a Península Ibérica, excepto
ao longo de uma estreita faixa no norte e noroeste peninsular; o registo fóssil
aponta para uma distribuição muito mais ampla do lince-ibérico no fim do
Pleistoceno, ocorrendo numa área de até 650.000 km² que se prolongava até ao
sul da França; por volta de 1950, a sua distribuição foi dividida em duas
populações; uma nortenha, desde a Galiza e partes do norte de Portugal
estendendo-se até ao Mediterrâneo, e a população sulista, em várias zonas de
Espanha; estima-se que houve uma regressão de cerca de 80% na área de
distribuição entre 1960 e 1990, tendência que se manteve até à actualidade; na
década de oitenta, a espécie apresentava uma distribuição localizada na zona
central e sudoeste da Península Ibérica, com uma área de distribuição estimada
em 11.000 km²;
actualmente a distribuição do
lince pode estar restrita a duas áreas na Península Ibérica, onde existem
populações reprodutoras – Doñana e Andújar-Cardeña; poderá também existir
presença residual de indivíduos nas regiões dos Montes Toledo Oriental, Sistema
central Ocidental e algumas áreas da Serra Morena; mantêm-se populações
estáveis em cerca de 350 km², constatando-se reprodução somente em 14.000 há;
este felino prefere um
ambiente heterogéneo de pastagem aberta, com arbustos densos como o medronheiro,
a aroeira e zimbros, e árvores como a azinheira e o sobreiro; está agora em
grande parte restrito a áreas montanhosas, com apenas alguns grupos encontrados
na floresta de várzea ou em densos matagais; No Parque Nacional de Doñana,
prefere a floresta mediterrânica de bosques e arbustos, na maior parte das
vezes, associada a algum curso de água; geralmente, evita plantações de Pinus e Eucalyptus;
endémico da Península
Ibérica, no sul da Europa, o lince-ibérico é especialista na caça do coelho-europeu
(Oryctolagus cuniculus), que
representa 79,5% a 86,7% da sua dieta, a qual é também composta por lebres (Lepus granatensis — 5,9%) e roedores de uma
maneira menos comum (3,2%), com fraca capacidade de se adaptar a outro tipo de
alimentação; um macho necessita de um coelho por dia; uma fêmea grávida come
três coelhos por dia; o lince-ibérico também caça outros mamíferos (incluindo
roedores e insectívoros), aves, répteis e anfíbios, mais activamente durante o
crepúsculo e à noite; por vezes também caça jovens veados, gamos, corças,
muflões e patos; compete pela caça com a raposa vermelha, o sacarrabos (Herpestes ichneumon) e o gato-bravo; é
uma espécie solitária e caça sozinha; persegue a presa ou deita-se à espera
durante horas por detrás de um arbusto ou de uma pedra até a presa estar
suficientemente perto para poder atacar com poucos passos; a queda acentuada
das populações da sua principal fonte de alimento, em resultado de duas doenças
(a mixomatose, que se espalhou pela Península Ibérica depois de um médico a ter
introduzido intencionalmente em França em 1952, e a doença hemorrágica dos
coelhos que começou em 1988; houve dois grandes surtos e o último surgiu em
2011 e 2012), terem contribuído para o declínio do felino; também foi afectado
pela perda de matagal, o seu habitat principal, pelo desenvolvimento humano,
incluindo mudanças no uso do solo (como o monocultivo de árvores) e pela construção
de barragens e estradas; os atropelamentos com veículos são a principal causa
de morte não-natural do lince-ibérico;
é uma espécie solitária e
territorial; pode estar activa ao amanhecer e no Inverno a actividade diurna é
mais frequente; caça por emboscada;
um lince, especialmente os
animais mais novos, vagueia em áreas muito amplas, chegando a mais de 100 km; o
seu território (~ 10 a 20 km2) depende da comida disponível; um adulto
necessita de pelo menos um espaço de 5 a 20 km2, e uma população de 50 fêmeas
em fase de reprodução precisa de 500 km2 de área de habitat; todavia, uma vez
estabilizado, as distâncias tendem também a estabilizar por vários anos, em que
os limites são feitos pelo homem, como estradas ou caminhos-de -ferro; o
lince-ibérico marca o seu território com urina, excrementos deixados pela
vegetação e com marcas de arranhões nas cascas de árvores; em Maio de 2013 foi
avistado perto de Vila Nova de Milfontes (costa sudoeste de Portugal) um
lince-ibérico pertencente ao Parque Nacional de Doñana; o seu trajecto de mais
de 250 km demonstrou a grande capacidade de deslocação dos linces e a
possibilidade de conectividade entre o Sul de Espanha e Portugal;
a época do cio ocorre de
Janeiro a Julho, predominantemente em Janeiro-Fevereiro; durante a época de
acasalamento a fêmea deixa o seu território à procura de um macho; o típico
período de gestação dura cerca de dois meses; as crias nascem entre Março e
Setembro, com o ponto alto de nascimentos em Março e Abril; uma ninhada
consiste em duas ou três crias (raramente uma, quatro ou cinco); as crias pesam
entre 200 e 250 gramas, são amamentadas até aos 8 meses e recebem cuidados
parentais da progenitora até perto dos 20 meses de idade; entre os 8 e os 23
meses os machos dispersam-se (as fêmeas dispersam-se mais tarde); a distância
de dispersão máxima verificada foi de 42 km; a sobrevivência dos mais novos
depende muito da população de coelhos no seu habitat; no estado selvagem, tanto
os machos como as fêmeas alcançam a maturidade sexual com um ano de idade,
embora na prática raramente se reproduzam sem que um território fique vago e tenha
qualidade suficiente; foi conhecida uma fêmea que só criou aos cinco anos de idade,
quando a sua mãe morreu; a longevidade máxima na natureza é de treze anos; a
reprodução não é anual, pois no melhor habitat de Doñana, registou-se o valor
de 0,8 ninhada/fêmea/ano; os irmãos tornam-se violentos uns para com os outros
entre os 30 e os 60 dias, com o ponto máximo nos 45 dias; uma cria normalmente mata
o seu irmão numa violenta luta; desconhece-se por que razão ocorrem estes
episódios agressivos; muitos cientistas acreditam que têm a ver com mudanças
hormonais, quando a cria muda do leite da mãe para a carne; outros julgam que
têm a ver com padrões de hierarquia, e de "sobrevivência do mais
apto;" os tratadores separam as crias antes de chegar o período de 60
dias; a dificuldade em encontrar parceiros leva a um maior número de casos de
endogamia, que resulta em menos crias e uma maior taxa de morte não traumática;
a endogamia leva a uma menor qualidade de sémen e a maiores taxas de
infertilidade entre os machos, dificultando os esforços para aumentar a aptidão
da espécie.
histórico da população
na área do Parque Natural do
Vale do Guadiana atribui-se um claro destaque ao lince ibérico que estava
extinto em Portugal e que tem sido reintroduzido na área do Parque desde finais
de 2014;
a espécie de lince-ibérico
diminuiu 80% nos últimos vinte anos; estima-se que havia em 1960 cerca de 4.000
indivíduos, cerca de 400 em 2000, menos de 200 em 2002, e possivelmente menos
de 100 em Março de 2005;
a extensa pesquisa realizada
por Guzmán et al. (2004), realizada principalmente durante 2001, produziu uma
estimativa de 26-31 territórios de reprodução que poderiam corresponder a um máximo
de 62 indivíduos maduros; de acordo com estimativas produzidas no âmbito de
sucessivos projectos de conservação da natureza LIFE da União Europeia, a
dimensão da população triplicou de 52 indivíduos adultos em 2002 para 156 em
2012 (Simón et al., 2012, Simón 2013);
o Parque Nacional de Doñana e
a Serra de Andújar, Jaén, tinham as únicas populações reprodutoras, até que em
2007 foi descoberta uma população de 15 indivíduos em Castela-La Mancha
(Espanha central); em 2008, a população de Doñana estava avaliada em 24 a 33,
enquanto que o grupo da Sierra Morena tinha de 60 a 110 adultos; a população
total está estimada em 99 a 158 adultos, incluindo a população de La Mancha; o
lince-ibérico foi, assim, listado como criticamente ameaçado na categoria
C2a(i) (i), na Lista Vermelha do IUCN;
a partir de 2009, o lince tem
sido reintroduzido em Guadalmellato, resultando numa população de 23 indivíduos
em 2013; desde 2010, a espécie tem também sido libertada em Guarrizas; tem
havido discussões junto do Ministério do Ambiente para ser solto também na área
de Campanarios de Azaba, junto a Salamanca; em Abril de 2013, foi reportado que
a população selvagem total da Andaluzia (apenas 94 em 2002) tinha triplicado
para 309 indivíduos;
a presença de linces-ibéricos
em Portugal (particularmente no sul) tem sido verificada, mas sem haver provas
de reprodução; a Quercus considerou a espécie inexistente em Portugal em 2007,
em resposta à criação do Plano de Acção para a Conservação do Lince-Ibérico em
Portugal pelo governo português, embora existam testemunhas que reportaram
terem avistado alguns linces perto da fronteira;
em Julho de 2013, grupos
ambientalistas observaram uma ninhada selvagem na província de Cáceres
(Extremadura); possíveis locais de libertação em Portugal, Extremadura e
Castilla-La Mancha estão sob discussão desde 2013; um estudo publicado em 2013
em Nature Climate Change aconselhou que os programas de reintrodução ocorram no
norte ibérico, o que sugere que a mudança climática poderia ameaçar os coelhos
no sul; entretanto, Portugal fez as suas primeiras reintroduções em Dezembro de
2014; num terreno com cerca de 2,000 há, no Parque Natural do Vale do Guadiana,
foram colocados em liberdade um casal de linces que estão permanentemente
monitorizados por uma equipa do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas
(ICNF); a 7 de Fevereiro de 2015 foi libertado outro par, mas a fêmea, de nome
Kayakweru, foi encontrada morta perto de Mértola, vitima de envenenamento; as
autoridades portuguesas esperam colocar mais exemplares em liberdade durante o
primeiro semestre de 2015;
desde 2007, devido a um surto
do vírus da leucemia felina (FeLV), os linces selvagens foram testados
periodicamente; as amostras retiradas entre Setembro e Dezembro de 2013 deram
resultado negativo para o FeLV, mas um macho tornou-se o primeiro da sua
espécie a ter uma análise positiva ao vírus da imunodeficiência felina (FIV),
tendo sido colocado em quarentena;
em 2016 o Governo Português
voltou a permitir a caça na Reserva Natural da Serra da Malcata, podendo
colocar em perigo a recuperação do lince-ibérico e de outras espécies como o abutre-preto
ou o lobo;
em abril de 2016, no conjunto
da Península Ibérica, existiam 403 linces;
reprodução em cativeiro
em 2002, o Zoo de Jerez
confirmou que tinha três fêmeas e estava a desenvolver um plano para reprodução
em cativeiro; uma dessas fêmeas era Saliega, capturada ainda em cria em Abril
de 2002; tornou-se a primeira fêmea do lince-ibérico a reproduzir em cativeiro,
dando à luz três crias saudáveis em 29 de Março de 2005, no centro de
reprodução El Acebuche, no Parque Nacional de Doñana Huelva, Espanha; nos anos
seguintes, o número de nascimentos foi aumentando e centros de reprodução foram
sendo criados; em Março de 2009, foi reportado que 27 crias já tinham nascido desde
o começo do programa; em 2009, o governo espanhol planeou construir um centro
de reprodução, com um custo de €5,5 milhões, em Zarza de Granadilla; Portugal
estabeleceu um centro de reprodução em Silves, o Centro Nacional de Reprodução
do Lince-Ibérico (CNRLI);
havia 14 crias sobreviventes
em 2008 e 15 em 2009; em 2010, o excesso de pluviosidade e questões de saúde
fizeram com que os resultados de reprodução fossem mais baixos — 14 nascimentos
e 8 sobreviventes — mas no ano seguinte, os centros de reprodução registaram 45
nascimentos, com 26 crias sobreviventes; em 2012, os centros de Portugal e
Espanha registaram um total de 44 sobreviventes e 59 nascimentos, enquanto 2013
viu um total de 44 sobreviventes e 53 nascimentos;
em Março de 2013, foi
reportado que tinham sido conservados pela primeira vez embriões e óvulos de
lince-ibérico; os embriões foram recolhidos da fêmea Azahar (CNRLI) e os óvulos
da fêmea Saliega (El Acebuche) (ambas esterilizadas e retiradas do programa de
reprodução) pelo Instituto Leibniz de Berlim para Zoos e Pesquisa de Vida
Selvagem, e armazenados em nitrogénio líquido no Museo Nacional de Ciências
Naturales de Madrid (CSIC) para possíveis reproduções futuras; em Julho de
2014, o MNCN-CSIC anunciou que tinha reproduzido células de esperma retiradas
do tecido testicular de um lince sexualmente imaturo;
o lince-ibérico pode ser
visto em cativeiro apenas no Zoo de Jerez e, desde Dezembro de 2014, no Zoo de
Lisboa; os animais de Jerez pertencem ao programa de reprodução, enquanto que o
casal de Lisboa fazia parte do centro de reprodução português, mas no entanto
já não são adequados, visto que Azahar falhou vários partos normais e foi
esterilizada e o macho, Gamma, tem uma forma de epilepsia.
estudos genéticos
em Agosto de 2012,
pesquisadores anunciaram que o genoma do lince-ibérico tinha sido sequenciado;
também planeiam fazer testes genéticos em restos mortais de lince, para
quantificar a perda de diversidade genética e melhorar os programas de
conservação; em Dezembro de 2012, foi relatado que os investigadores tinham
localizado restos mortais de 466 linces-ibéricos em colecções particulares e
museus; no entanto, ficou estimado que 40% dos espécimes armazenados em museus foram
perdidos ao longo dos últimos 20 anos;
a diversidade genética do
lince-ibérico é mais baixa que a de outros felinos conhecidos por serem
geneticamente pobres, incluindo a chita (Acinonyx
jubatus), leões da cratera de Ngorongoro e o lince-euroasiático da
Escandinávia; os investigadores acreditam que esta pode ser uma das
consequências da diminuição do tamanho das populações e isolamento; um estudo
publicado em 2013 indicou forte diferenciação genética entre as populações de
Doñana e Andújar, tanto nas frequências e composições alélicas; os linces de
Doñana diferenciaram mais da população ancestral, devido a serem mais isolados
e terem um índice baixo de população; os investigadores sugeriram colocar os
dois grupos em conjunto, a fim de diminuir o grau de endogamia.
tendência
actual da população
aumento
sistema
terrestre
maiores
ameaças
o
lince e o seu habitat estão totalmente protegidos e a sua caça é proibida; as
principais ameaças ao animal incluem a perda de habitat, atropelamentos por
veículos, envenenamento, cães selvagens, caça ilegal e surtos ocasionais de
leucemia felina (um retrovírus que infecta gatos); alguns animais em cativeiro
são afectados por doenças do trato urinário; a perda de habitat é em grande
parte consequência da construção de infraestruturas, do desenvolvimento urbano
e do monocultivo de árvores, factores que fragmentam a distribuição do lince; ao
longo do século XX, a população de coelhos sofreu um declínio dramático em
consequência de vários surtos de mixomatose e de doença hemorrágica, reduzindo
assim a disponibilidade da principal fonte de alimentação do lince-ibérico; os
atropelamentos com veículos são a principal causa de morte não natural, tendo
morrido 14 indivíduos em estradas espanholas durante o ano de 2013; outra das
principais causas de morte não natural são as armadilhas ilegais para coelhos e
raposas;
em 2013, verificou-se a
presença de uma bactéria resistente a antibióticos no trato digestivo do
lince-ibérico, o que pode levar a que infecções perigosas sejam de difícil
tratamento e à diminuição da aptidão física do animal; outro estudo de 2013
sugere que as alterações climáticas podem vir a ameaçar o lince-ibérico devido
à sua fraca adaptabilidade a novos climas; a sua deslocação para áreas com um
clima mais favorável, mas com menor número de coelhos, aumentaria a sua
mortalidade;
acções
de conservação
a população reduzida torna o
animal especialmente vulnerável à extinção, o que pode acontecer através de
eventos inesperados, como doenças ou desastres naturais; as medidas de
conservação incluem o restauro do seu habitat nativo, a manutenção da população
de coelhos selvagens, a redução de causas não naturais de morte e a reprodução
em cativeiro para posterior libertação na natureza; a Comissão Nacional
Espanhola para a Protecção da Natureza endossou um programa de conservação e
reprodução ex-situ, para servir como "rede de segurança" ao manter a
população em cativeiro e também para ajudar a "estabelecer novas
populações de lince-ibérico livres na natureza, através de programas de reintrodução;"
antes da libertação dos indivíduos criados em cativeiro, é possível simular o
seu habitat natural com o intuito de prepará-los para a vida em estado
selvagem; um estudo de 2006 usou um sistema de monitorização não invasivo que
envolve câmaras para monitorizar os dados demográficos das populações de linces
e coelhos na Serra Morena; na eventualidade de a população de coelhos selvagens
entrar em declínio, podem ser fornecidos alimentos complementares;
estão a ser desenvolvidos
esforços de gestão no sentido de conservar e restaurar a escala nativa do
animal; os conservacionistas com a função de libertar o lince do cativeiro para
o estado selvagem têm a preocupação de escolher áreas de habitat adequado, com
abundância de coelhos e aceitação pelas comunidades locais; entre 1994 e 2013
foram gastos cerca de 90 milhões de euros em medidas de conservação; a União
Europeia contribuiu com cerca de 61% dos fundos; o SOS Lynx é uma organização
não-governamental portuguesa que trabalha para evitar a extinção do
lince-ibérico.
fontes
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Há quatro novas crias de lince ibérico em
Silves, Público Online, [url] https://www.publico.pt/2016/03/11/ecosfera/noticia/ha-quatro-novas-crias-de-linceiberico-em-silves-1725838,
ac. 11.03.2016.
Cardoso, Margarida
David. Fêmea de lince-ibérico
encontrada morta em Mértola não foi envenenada, Público Online, https://www.publico.pt/2016/05/20/sociedade/noticia/femea-de-linceiberico-encontrada-morta-em-mertola-sofreu-um-infeccao-viral-1732559,
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https://www.publico.pt/2017/01/18/local/noticia/reproduzir-coelhos-bravos-para-alimentar-lince-iberico-custa-um-milhao-de-euros-1758653,
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última actualização:
17.03.2017
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