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27.2.17

Tartaruga-gigante da Reunião




reino  Animalia

filo  Chordata

classe  Reptilia

ordem  Testudines

família  Testudinidae 

nome científico Cylindraspis indica Schneider


sinónimos Chersina grayi Strauch, Chersine retusa Merrem, Cylindraspis borbonica Bour, Testudo perraultii Duméril and Bibron, T. graii Duméril and Bibron, T. tabulata africana Schweigger

nome comum  Tartaruga-gigante da Reunião, Réunion giant tortoise, Tortue géante de La Réunion
EXTINTO
1800

última localização
Ilha de Reunião

características
esta tartaruga gigante podia atingir cerca de 1,20 metros de comprimento linear de carapaça e pesar cerca de 150 kg;
os machos eram maiores do que as fêmeas e ambos podiam viver cerca de 200 anos;


ocorrência, habitat e ecologia
endémica da parte oeste e central da Ilha de Reunião;
alimentava-se de folhas caídas das árvores, folhagem rasteira, frutos, flores, cactos, sementes e mesmo carniça;
"Estas tartarugas são encontradas no topo de uma montanha que está quase completamente coberta por elas. Anteriormente, existiam ainda mais, mas como a ilha tem sido constantemente visitada, muitas têm sido abatidas. Diz-se que uma tartaruga pode viver até 300 anos, mas já que a ilha não tem sido muito habitada, isso é incerto. No entanto, vêm-se tantas com 2,1 metros de circunferência (perímetro) e os habitantes dizem que durante vários anos não há nenhum sinal de que elas tenham crescido. Há um tempo certo para a postura dos ovos, pois é o sol que os incuba. Uma coisa que vale a pena comentar é que elas ficam 4 meses, a cada ano, sem comer e nem beber e durante os restantes outros 8 meses põem os ovos e alimentam-se para obter o sustento de que necessitam nos 4 meses seguintes. Hoje é o início de um período de escassez e de acordo com os habitantes, há apenas tartarugas suficientes para mais 4 anos"(Luillier 1703).

população
"Existe um grande número delas, a sua carne é muito delicada e a gordura ou óleo de manteiga é uma das melhores e serve para todos os tipos de molhos. As maiores tartarugas podem levar facilmente um homem em cima delas" (Du Quesne, 1650);
"Ao amanhecer, deixamos esta encantada paisagem onde encontramos apenas um inconveniente, que foiba grande quantidade de tartarugas, que nos empurravam de todos os lados e muitas vezes até debaixo de nós. Tivemos grandes problemas para nos defendermos delas e como resultado, fomos incapazes de dormir. As tartarugas são animais muito feios, mesmo sendo muito bons para comer, o fígado é particularmente excelente. O óleo também é excelente para fritar todos os tipos de coisas. Além disso, tem propriedades maravilhosas contra a dor, os nossos cirurgiões muitas vezes tiveram provas felizes disto. As tartarugas mantêm sempre um pé fora do chão e três pés no chão, dando um passo por vez e dessa forma andam por toda a montanha"( Carpeau du Saussay, 1666);
"As tartarugas encontradas lá são do tamanho de duas bandejas. As populações delas são tão grandes que embora a tripulação da frota General de la Haye, tenha comido duas ou três centenas delas todos os dias não se verificou qualquer efeito de diminuição no número de animais. Vêm-se a cada hora do dia rebanhos de centenas descendo as montanhas. O que é melhor neste animal é o fígado, a carne do plastrão também é muito boa, a sua gordura quando transformada em óleo é boa e muito saudável. Por vezes encontra-se em uma única tartaruga três ou quatro ovos, que são excelentes, uma vez bem cozidos. Este animal tem pernas muito curtas e gordas, é difícil dizer se caminham ou rastejam. São surpreendentemente fortes, muitas vezes nas nossas caminhadas colocámo-nos em cima das carapaças para ver se poderiam apoiar-nos sem dificuldades, mas era como se não tivessem nada em cima. É um alimento muito bom para ser levado nos navios" (Melet, 1672);
"Toda a ilha está cheia de tartarugas, são uma das boas coisas desta ilha. Têm pescoços longos e as cabeças são como as das tartarugas da Europa, possuem uma cauda grossa e quatro pernas. Medem entre 60 a 90 centímetros de comprimento, por 60 centímetros de altura. Uma dessas tartarugas pode levar um homem nas costas. A carne da tartaruga é como a carne comum e a sua dobradinha tem o mesmo gosto. O fígado destes animais é muito grande e é o bocado mais delicioso que se poderia comer. Há o suficiente para quatro pessoas comerem num desses fígados. Nos flancos existem placas contendo gordura que se extrai ao derreter, um óleo que nunca congela. Este óleo é tão bom para todos os tipos de coisas, gera a melhor manteiga. Estas carapaças normalmente produzem 2 potes de óleo" (Dubois, 1674);

sistema
terrestre

ameaças
a extinção foi causada pela intervenção humana; a ilha foi visitada inicialmente por marinheiros europeus, árabes e polinésios, que começaram a caçar as tartarugas em enormes quantidades, para encher os porões dos navios com esse alimento, que sobrevivia por 4 meses sem comer nem beber e fornecia uma carne fresca e de qualidade, durante muito tempo;  a ilha foi reclamada em 1644 pela Companhia Francesa das Índias Orientais, que levou à ilha colonizadores franceses e escravos africanos; com a ocupação ocorreu a introdução de animais exóticos na Ilha, em geral animais domésticos, que prejudicaram de forma intensa o estilo de vida das tartarugas, reduzindo assim a sua população;
em 1764 a ilha passou a ser governada directamente pela França e as revoltas dos escravos propiciaram a fuga de muitos deles para o interior e o estabelecimento de povoados próprios, reduzindo as áreas que antes eram ocupadas pelas tartarugas (a Reunião possui uma extensão de apenas 2.510 km2); finalmente conflitos na economia da ilha (fim da escravidão dos africanos) acabaram por dizimar o restante das tartarugas, chegando assim a extinção desta espécie;
em 1732, um cronista francês não identificado escreveu: "A população de tartarugas está totalmente destruída", sugerindo que apenas algumas tartarugas-gigantes tenham sobrevivido; desapareceram por volta de 1730 no litoral da Reunião; sabe-se que alguns exemplares viveram em cativeiro até ao ano de 1773 e que grupos isolados no interior da Ilha de Reunião sobreviveram até a década de 1840, tornando-se a espécie extinta após essa data.
   
fontes.
ITIS, Integrated Taxonomic System, [url] https://www.itis.gov/servlet/SingleRpt/SingleRpt?search_topic=TSN&search_value=949457#null, ac. 26.02.2017.

IUCN Red List, [url] World Conservation Monitoring Centre. 1996. Cylindraspis indica. The IUCN Red List of Threatened Species 1996: e.T6061A12383518. http://dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.1996.RLTS.T6061A12383518.en. Downloaded on 26 February 2017.

AVPH, Atlas Virtual da Pré-História, [url] http://www.avph.com.br/cylindraspisindica.htm, ac. 26.02.2017.

                                                    

última actualização:
04.03.2017.

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