árvore
folhas, flores e frutos
folhas
flores
frutos
tronco
árvore em Serralves
mapa das zonas mais adequadas à plantação
escudo de Madrid
El Oso y el Madroño (o urso e o medronho), Madrid
reino Plantae
filo Tracheophyta
classe Magnoliopsida
ordem Ericales
família Ericaceae
nome científico Arbutus
unedo L.
sinónimos Arbutus
unedo var. ellipsoidea Aznov., Arbutus unedo var. salicifolia Regel, Arbutus unedo
f. subcrenata Maire
nome comum Medronheiro, Ervedeiro,
Êrvedo, Êrvodo Meródios, Strawberry Tree, Cain, Cane, Apple Irish, Killarney Morango,
madrones ou madronas Strawberry Tree, Arbousier, Arbousier Commun, Madroño
etimologia dos nomes
Arbutus é o diminuitivo de arbor e significa arbusto; alguns autores discordam e afirmam que a
origem etimológica encontra-se no termo celta, arbois que significa áspero, rude, aludindo aos seus frutos;
a designação unedo é atribuída a Plínio, o Velho, que supostamente terá alegado
"unum tantum edo", que significa
"eu como apenas um"; não se sabe se ele quis dizer que o fruto era
tão bom que ele podia comer apenas um, ou quis dizer que o fruto era
desinteressante e, por isso, terá comido apenas um;
os membros do género são chamados madrones ou madronas nos Estados Unidos, do nome espanhol madroño;
evolução e taxonomia
foi uma das muitas espécies descritas
por Carl Linnaeus no I Volume da sua obra de 1753 Species Plantarum, dando-lhe o nome que ainda hojemantém;
um estudo publicado em 2001, que
analisou o DNA ribossômico da planta e géneros relacionados, verificou que a
planta é parafilética e está estreitamente relacionada com as outras espécies da
bacia do Mediterrâneo, como o medronheiro-oriental, Arbutus andrachne e o A.
canariensis e não aos membros do género da América do Norte;
O medronheiro, o medronheiro-oriental hibridam
naturalmente onde os seus habitats se sobrepõem; o híbrido tem sido denominado Arbutus × andrachnoides (syn A. × hybrida,
ou A. andrachne × unedo), herdando traços de ambas as
espécies progenitoras, embora os frutos não se vcriem livremente, e como
híbrido é improvável que se reproduza a partir de sementes ; é vendido na
Califórnia como Arbutus x marina
nomeado por um distrito de San Francisco, onde foi hibridizado.
características morfológicas
o medronheiro tem normalmente um
crescimento do tipo arbustivo, até uma altura de aproximadamente 5-10 m, raramente
até 15 m, com um diâmetro de tronco de até 80 cm;
o tronco, tortuoso, possui um ritidoma delgado,
gretado, pardo-avermelhado ou pardo-acinzentado, muito escamoso, caduco em
pequenas placas nos exemplares mais velhos; os ramos, erectos, são também
tortuosos e brotam do tronco a partir de 50 cm do solo e são também bastante
espaçados entre si;
a copa é arredondada, com folhas
persistentes, lanceoladas, de 5-10 cm de comprimento e 2-3 cm de largura, elípticas,
coriáceas, serradas, com pecíolo curto por vezes avermelhado, alternadas,
glabras excepto na base, lustrosas e verde-escuras brilhantes na face superior,
mais claras na face inferior, com a margem serrilhada, semelhantes à do
sobreiro;
as
flores são urceoladas, brancas ou levemente rosadas, hermafroditas, 4-6 mm de diâmetro, produzidas em panículas
terminais pendentes de 10-30 no Outono; são polinizadas pelas abelhas; são
muito decorativas;
o fruto, o medronho, é uma baga globosa
e verrugosa, com 1-2 cm de diâmetro e superfície áspera; é primeiro verde,
passando por amarelo e tornando-se depois escarlate a vermelho-escuro durante o
amadurecimento que é retardado por cerca de cinco meses depois da polinização;
desta forma o fruto amadurece no Outono, quando surgem as flores da época
seguinte; as sementes são pequenas, angulares e de cor castanha; é comestível mas
um pouco indigesto pois contém muitos taninos; se estiver muito maduro pode dar
origem a ligeiras intoxicações alcoólicas; é doce quando maduro e tem gosto
semelhante ao figo; contém vitamina C e 10-20% de açúcares; é bastante
apreciado no sul de Portugal, onde é usado na produção de licores e aguardentes
destiladas; frutifica a partir dos 8-10 anos;
utilização
do medronho, para além de poder ser
comido em fresco, fazem-se imensos derivados, desde a geleia, a aguardente (aguardente
de medronho) até aos licores, vinagres, bolachas e compotas;
em medicina popular era utilizado como
adstringente, como diurético e como anti-séptico das vias urinárias, tem um
forte poder antibacteriano e é utilizado na arteriosclerose, diarreia, doenças
do fígado e rins; o mel tem propriedades balsâmicas;
é uma árvore ornamental, devido às
flores e frutos muito vistosos que sobressaem das folhas verde-escuro, embora fora
do seu habitat natural o cultivo seja muitas vezes difícil, devido à sua
intolerância à perturbação da raiz;
os frutos, comestíveis, servem a
produzir a perfumada aguardente de medronho;
é utilizada para lenha uma vez que queima com grande
poder de fogo e aquecimento; muitos Estados do Pacífico Noroeste, nos Estados
Unidos, usam a madeira principalmente como fonte de calor, pois a madeira não
tem valor na produção de casas, uma vez que não cresce em madeiras direitas;
a madeira é também boa para tornear;
as folhas e o ritidoma contêm taninos,
úteis no curtimento de peles.
histórico
a aguardente de medronho é o ex-libris
dos destilados do Algarve; tudo indica que esta aguardente começou a ser
produzida de forma artesanal, para fins medicinais, pelos Árabes, em Monchique,
por volta do século X.; em 1940 existiam em Monchique 55 alambiques e 3
mercadores de licores (Gascon); em 1905 existiam em Loulé 61 fabricantes de aguardente
(Ataíde de Oliveira);
na Grécia a aguardente é produzida com a
designaçãode koumaro, proveniente dos frutos do arbusto designado por koumaria e está documentada desde dos
tempos dos Bizantinos (que terminou em 1453);
em Espanha também há experiências de
produção de aguardente de medronho e de outros pequenos frutos;
na ilha da Sardenha também se produz
aguardente de medronho, (corbezzolo/corbezzoli) mas o mais tradicional são os
licores, compotas e rebuçados de medronho.
ocorrência, habitat e ecologia
árvore ou pequeno arbusto, folhosa, de
folha persistente, frutífera e ornamental, nativa da região mediterrânica,
Europa Ocidental, todo o território de
Portugal continental, o Norte de Espanha, as regiões das Ilhas Canárias (Tenerife), sul da Europa, Irlanda,
norte de África, Palestina e América do
Norte, que pode ser encontrada tão a norte como no oeste de França e na
Irlanda; sobrevive em zonas de elevado declive onde dificilmente outras
culturas sobrevivem;
ocorre consociada às Quercíneas,
particularmente ao sobreiro e à azinheira, em bosques mistos, nos montados e em
zonas de matos resultantes da sua degradação, em precipícios e desfiladeiros
fluviais e em solos rochosos;
em Portugal é espontânea em quase todo o
território, embora com maior frequência a sul do Tejo, onde adquire importância
de relevo, sobretudo nas serras de Monchique e Caldeirão, nas quais ocupa
proporcionalmente grandes superfícies;
o medronheiro, devido à degradação da
floresta primitiva, é hoje uma das
únicas espécies com porte arbóreo em matos perenes, nas orlas de bosques
nas encostas e mais terras, outrora cobertas de carvalhos;
é uma árvore tolerante ao sombreamento;
suporta climas com períodos estivais secos e pluviosidade baixa, bem como
altitudes elevadas, até aos 1200 m; prefere solos siliciosos da costa ou da
montanha, mas suporta os calcários e pobres em húmus, de textura e humidade
médias; renova bem pelo cepo;
a reprodução do medronheiro obedece a um
mecanismo natural desta espécie; começa com a queda do fruto maduro, no
Outono/Inverno, a partir do qual se produz uma maceração e fermentação das
sementes; a maceração é ajudada, em grande parte, pela manta vegetal e o
sucesso de germinação, na Primavera seguinte, dependerá das condições
edafo-climáticas em que decorreu essa maceração/fermentação;
prospera com relativa exposição marítima
e tolera a poluição industrial;
vive para além de 200 anos , mas é mais produtiva entre os 15 a 25 anos;
esta espécie não foi
analisada pela IUCN Red List.
sistema
terrestre
outras notas
este arbusto de folhas persistentes estava,
para os Antigos, ligado à morte e à imortalidade: "Apressam-se a entrançar
os caniços de um esquife flexível com ramos de medronheiro e de carvalho,
erguendo um leito fúnebre sombreado de verdura", escreve Virgílio, descrevendo
as exéquias de Palas, companheiro de Eneias (ENEIDA, 11, 63-65);
o medronheiro faz parte do brasão (El
oso y el madroño) da cidade de Madrid, Espanha; no centro da cidade (Puerta del
Sol) há uma estátua de um urso comendo o fruto do medronheiro, o medronho. A
imagem aparece em cristas de cidade, táxis, tampas de homem-buraco, e outra
infra-estrutura de cidade;
o medronheiro era importante para os
povos do Straits Salish, da ilha de Vancôver, que usou a casca e as folhas da
árvore para criar produtos medicinais para o resfriamento, problemas do
estômago, tuberculose e como base para contraceptivos; a árvore também figurava
em certos mitos do estreitode Salish: de
acordo com o Straits Salish, uma forma antropomórfica de pez, iria pescar mas
voltaria à costa antes de ficar muito quente; um dia chegou tarde demais para
voltar para a praia e derreteu com o calor e várias árvores antropomórficas
correram para o agarrar - o primeiro foi Douglas Fir, que agarrou a maior parte,
o Grand Fir que ficou com uma pequena porção, e o Medronho que não recebeu nada
- é por isso que dizem que ainda não têm pez;
também, de acordo com as lendas do
Grande Dilúvio de vários sítios do noroeste, o Medronho ajudou as pessoas a
sobreviver, fornecendo-lhes uma âncora no topo de uma montanha; devido a isso o
povo Saanich não queima o medronho como agradecimento por tê-los salvado;
“My love's an arbutus, Meu amor é um medronheiro”
é o título de um poema do escritor irlandês Alfred Perceval Graves (1846-1931),
musicado pelo seu compatriota Charles Villiers Stanford (1852-1924):
My
love's an arbutus
By
the borders of Lene,
So
slender and shapely
In
her girdle of green.
And I
measure the pleasure
Of
her eyes' sapphire sheen
By
the blue skies that sparkle
Through
the soft branching screen.
But
though ruddy the berry
And
snowy the flower
That
brighten together
The
arbutus bower,
Perfuming
and blooming
Through
sunshine and shower,
Give
me her bright lips
And
her laugh's pearly dower.
Alas,
fruit and blossom
Shall
lie dead on the lea,
And
Time's jealous fingers
Dim
your young charms, Machree.
But
unranging, unchanging,
You'll
still cling to me,
Like
the evergreen leaf
To
the arbutus tree.
My Love's An Arbutus,
Joanna Henwood, melodia tradicional irlandesa
https://www.youtube.com/watch?v=xFAhnpRBwOE
fontes.
Aldeias
do Xisto. Medronheiro, [url]
http://aldeiasdoxisto.pt/artigo/77, ac. 18.03.2017.
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Trás-os-Montes e Alto Douro, Jardim Botânico. Arbutus unedo, [url]
https://jb.utad.pt/especie/arbutus_unedo, ac. 18.03.2017.