Alice e o dodó - ilustração de John Tenniel
reino Animalia
filo Chordata
classe Aves
ordem Columbiformes
família Raphidae
nome científico Raphus
cucullatus L.
nome comum Dodó, Dodo, Dronte
EXTINTO
1662
última localização
Maurícia
características
ave não-voadora endémica da ilha
Maurícia;
ficou mundialmente conhecido por fazer
parte de “Alice no País das Maravilhas”, passando a fazer parte da cultura
popular, frequentemente como um símbolo da extinção e obsolescência; na língua
inglesa, a expressão "dead as a dodo" ("morto como um dodó")
quer dizer uma coisa inquestionavelmente morta ou obsoleta; da mesma forma, a
frase "to go the way of the dodo" ("seguindo o caminho do dodó")
significa tornar-se extinto ou obsoleto, cair fora do uso ou da prática comum,
ou virar uma coisa do passado;
media cerca de um metro de altura e
podia pesar entre 10 e 18 kg, na natureza; em cativeiro o peso rondada os 23
kg; a aparência externa é evidenciada apenas em pinturas e textos escritos no
século XVII e, por causa dessa considerável variabilidade, levando em linha de conta
que poucas descrições são conhecidas, a aparência exacta é um mistério; de
igual modo pouco se sabe com exactidão sobre o seu habitat e comportamento;
tem sido descrito com plumagem cinza
acastanhada a amarela, com penas primárias mais claras e um tufo de penas leves
encaracoladas na cauda, cabeça cinza sem penas, e bico preto, amarelo e verde; as
pernas eram robustas e amareladas , com garras pretas; apresentava dimorfismo
sexual: os machos eram maiores e possuíam bicos proporcionalmente mais longos;
o bico, em média, media até 23 cm de comprimento e tinha a extremidade da
mandíbula superior em forma de gancho; a moela ajudava a ave a digerir os alimentos
que incluíam frutos;
as primeiras descrições de cientistas
retratavam o dodó como um pequeno avestruz, um frango-d'água, um tipo de
albatroz e até mesmo uma espécie de abutre; em 1842 o zoólogo dinamarquês
Johannes Reinhardt propôs que os dodós fossem pombos terrestres, baseado no
estudo de um crânio descoberto na colecção real dinamarquesa, em Copenhaga; a
princípio esta ideia foi ridicularizada mas recebeu o apoio posterior de Hugh
Strickland e Alexander Melville, na monografia publicada em 1848, “The Dodo and
Its Kindred”, na qual tentaram separar o que era mito da realidade sobre a ave;
depois de dissecar e embalsamar a cabeça e o pé do espécime do Museu da
Universidade de Oxford e de os comparar com vestígios do também extinto Solitário
de Rodrigues (Pezophaps solitaria), Strickland constatou que não
eram idênticos mas compartilhavam muitas características peculiares dos ossos
das pernas, então conhecidas apenas nos pombos;
a comparação do citocromo b mitocondrial
e das sequências 12S de RNAr, isolados de um tarso de dodó e de um fémur do
solitário de Rodrigues, confirmou o
parentesco próximo entre estas duas aves, bem como sua classificação na família
Columbidae; a interpretação destas evidências genéticas mostrou que o
"primo" vivo mais próximo do dodó é o pombo de Nicobar (Caloenas nicobarica), que habita o sudeste asiático, seguido pelas gouras (Goura spp.) da Nova Guiné e pela manumea (Didunculus strigirostris –
Dudunculus significa “pequeno dodó"
em Latim) da Samoa;
como os pombos, o dodó tinha a região ao
redor dos olhos e próxima do bico sem penas; a fronte era alta em relação ao
bico, e a narina tinha uma localização baixa, no meio do bico, sendo circundada
por pele, uma combinação de características compartilhada apenas com os
columbídeos; as pernas eram mais parecidas com as dos pombos terrestres do que
com as de outros pássaros, tanto em relação às escamas como ao esqueleto; representações
de grandes papos sugerem esse parentesco, uma vez que esses órgãos são mais desenvolvidos nos
columbídeos do que em outras aves; a maior parte dos pombos têm ninhadas muito
pequenas, e acredita-se que as fêmeas de dodó pusessem um único ovo de cada vez;
assim como os pombos, o dodó não tinha o osso vómer nem o septo das narinas, e
compartilhava detalhes na mandíbula, no osso zigomático, no palato e no hálux;
o dodó diferia dos pombos apenas no pequeno tamanho da asa e no grande bico, em
proporção com o resto do crânio;
etimologia dos nomes
o primeiro nome que lhe foi dado foi o
de Walghvogel, em holandês, usado
pela primeira vez no diário de bordo do vice-almirante Wybrand van Warwijck,
que visitou a Maurícia durante a Segunda Expedição Holandesa à Indonésia em
1598 e que significa "pássaro sem gosto,
insípido ou desagradável"; o termo foi traduzido para alemão como Walchstök ou Walchvögel, por Jakob Friedlib; o relatório holandês original,
intitulado Waarachtige Beschryving, perdeu-se mas sobreviveu a
tradução inglesa:
"À esquerda deles havia uma pequena
ilha à qual deram o nome de ilha Hemskerk, e a uma baía a que chamaram baía
Warwick (...). Ali permaneceram por 12 dias para descansar, encontrando neste
lugar grande quantidade de aves grandes como cisnes, a que chamaram Walghstocks
ou Wallowbirdes, sendo muito boa a sua carne. Mas ao encontrar uma abundância
de pombos e papagaios, desdenharam comer mais dessas grandes aves, chamando-as
(como dito antes) Wallowbirds, que significa pássaro enjoativo ou repugnante. Dos
referidos pombos e papagaios, os encontraram em abundância, tendo a carne muito
gordurosa e saborosa; esses pássaros podem ser facilmente capturados e mortos
com pequenas varas: eles são tão mansos assim porque a ilha não é habitada,
também porque nenhuma criatura que vive ali está acostumada a avistar
homens."
outro relato da mesma viagem, talvez o
primeiro a mencionar o dodó, afirma que os portugueses se referiam àquelas aves
como pinguins; mas o termo pode não se ter originado de pinguim (pois o idioma
português da época tratava tal ave como "sotilicário") e sim de pinion, uma alusão às pequenas asas;
a tripulação do navio holandês
Gelderland chamou à ave "dronte" (que significa "inchado")
em 1602, palavra até hoje usada em algumas línguas; esta tripulação também se referiu
aos dodós como "griff-eendt" e "kermisgans", em referência
às aves engordadas para uma quermesse em Amesterdão, as quais foram guardadas
no dia seguinte à sua ancoragem na ilha Maurícia;
a origem da palavra dodó não é clara; alguns
atribuem-na a dodoor, que em holandês
quer dizer "preguiçoso", porém é mais provável que venha de dodaars, que pode significar
"traseiro gordo" ou "nó no traseiro", referindo-se ao
"nó" de penas na parte de trás do animal; o primeiro registo da
palavra dodaars encontra-se na
revista do capitão Willem Van de West-Zanen em 1602; o historiador inglês
Thomas Herbert foi o primeiro a usar a palavra dodo na imprensa, em 1634, no seu livro de viagens, alegando que
foi referido como tal pelos portugueses, que tinham visitado a Maurícia em
1507; outro inglês, Emmanuel Altham, usou a palavra numa carta de 1628, na qual
também alegou a origem na língua portuguesa; o nome dodar foi introduzido em inglês, ao mesmo tempo que dodo, mas foi apenas
utilizado até ao século XVIII; pelo que se sabe actualmente, os portugueses
nunca mencionaram o pássaro; no entanto algumas fontes ainda afirmam que a
palavra dodó deriva de "doudo" em português antigo
(atualmente "doido"); também tem sido sugerido que "dodó" é uma aproximação onomatopaica
do canto da ave, um som de duas notas parecido com o de um pombo e que se
assemelhava a "doo-doo";
o nome específico cucullatus ("bordado" em latim) foi utilizado pela
primeira vez por Juan Eusebio Nieremberg em 1635, como Cygnus cucullatus, com
referência a uma representação de dodó feita por Carolus Clusius em 1605; na
sua obra clássica do século XVIII "Systema Naturae", Carlos Lineu
usou o nome específico cucullatus,
mas combinou com o género Raphus
(referindo-se às abetardas) em 1760, resultando no nome atual: Raphus cucullatus.
ocorrência, habitat e ecologia
era endémico da Maurícia;
foi uma espécie de florestas secas de
planície do sul e oeste, embora o possível mutualismo com a árvore-dodó ou tambalacoque´´ sugira que possa ter-se distribuído
também nas terras altas; as evidências sugerem que foi predominantemente
herbívoro; além de frutos caídos, o dodó provavelmente subsistiu com nozes,
sementes, bolbos e raízes; também foi sugerido que poderia ter comido caranguejos
e mariscos, como os seus parentes, os pombos-coroados; não se sabe como os
filhotes eram alimentados, mas os pombos, "primos" dos dodós,
fornecem leite de papo às crias; representações da época mostram a ave com um
grande papo, que provavelmente era usado tanto para armazenar o alimento
ingerido como para a produção do leite de papo; especialistas acreditam que o
tamanho máximo que os dodós e solitários de Rodrigues atingiam era limitado
pela quantidade de leite de papo que pudessem produzir para os filhotes,
durante o crescimento inicial;
devido à provável ninhada de ovo único e
ao grande tamanho da ave, foi proposto que o dodó produzia um baixo número de
descendentes altriciais, o que exigia cuidados dos pais até que os filhotes se desenvolvessem;
algumas evidências, incluindo o grande tamanho e o facto de que as aves
tropicais e frugívoras têm taxas de crescimento mais lentas, indicam que a ave
pode ter tido um período de desenvolvimento prolongado; o facto de nenhum dodó
jovem ter sido encontrado no pântano Mare aux Songes, onde a maioria dos restos
de dodó foram escavados, pode indicar que a ave produzia pouca prole, que
amadurecia rapidamente, que as áreas de reprodução eram longe do pântano, ou
que o risco de atolamento era sazonal;
era uma espécie não-voadora e muito
mansa e presume-se que tenha deixado de voar devido à facilidade de obter
alimento e à relativa inexistência de predadores na ilha;
sistema
terrestre
padrão do movimento
não-migrador
ameaças
a causa da extinção foi a caça pelos
colonos e a predação do ninho por porcos introduzidos;
a extinção não foi imediatamente
noticiada e houve quem a considerasse uma criatura mítica; os últimos
representantes da espécie foram mortos no ilhéu Ile d'Ambre (Amber Island), em
1662; devido à sua mansidão e grande tamanho foi intensamente caçado para
alimentação por marinheiros;
no século XIX, pesquisas conduziram a
uma pequena quantidade de vestígios: quatro espécimes tinham sido trazidos para
a Europa no século XVII; desde então uma grande quantidade de material
subfóssil foi colectado, a maior parte no pântano Mare aux Songes;
a extinção do dodó em apenas cerca de um
século, após o seu descobrimento, chamou a atenção para um problema então desconhecido
da humanidade: o desaparecimento completo de diversas espécies;
fontes.
ITIS, Integrated Taxonomic System, [url] https://www.itis.gov/servlet/SingleRpt/SingleRpt?search_topic=TSN&search_value=555609#null.
IUCN Red
List, [url] BirdLife International.
2016. Raphus cucullatus. The IUCN Red List of Threatened Species 2016:
e.T22690059A93259513.
http://dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.2016-3.RLTS.T22690059A93259513.en. Downloaded
on 27 February 2017.
Wikipedia, [url] https://pt.wikipedia.org/wiki/Dod%C3%B4
última actualização:
02.03.2017
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