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28.2.17

Dodó





Alice e o dodó - ilustração de John Tenniel



reino  Animalia
filo  Chordata
classe  Aves 
ordem  Columbiformes 
família  Raphidae 
nome científico Raphus cucullatus L.
nome comum  Dodó, Dodo, Dronte

EXTINTO
1662

última localização
Maurícia

características
ave não-voadora endémica da ilha Maurícia;
ficou mundialmente conhecido por fazer parte de “Alice no País das Maravilhas”, passando a fazer parte da cultura popular, frequentemente como um símbolo da extinção e obsolescência; na língua inglesa, a expressão "dead as a dodo" ("morto como um dodó") quer dizer uma coisa inquestionavelmente morta ou obsoleta; da mesma forma, a frase "to go the way of the dodo" ("seguindo o caminho do dodó") significa tornar-se extinto ou obsoleto, cair fora do uso ou da prática comum, ou virar uma coisa do passado;
media cerca de um metro de altura e podia pesar entre 10 e 18 kg, na natureza; em cativeiro o peso rondada os 23 kg; a aparência externa é evidenciada apenas em pinturas e textos escritos no século XVII e, por causa dessa considerável variabilidade, levando em linha de conta que poucas descrições são conhecidas, a aparência exacta é um mistério; de igual modo pouco se sabe com exactidão sobre o seu habitat e comportamento;
tem sido descrito com plumagem cinza acastanhada a amarela, com penas primárias mais claras e um tufo de penas leves encaracoladas na cauda, cabeça cinza sem penas, e bico preto, amarelo e verde; as pernas eram robustas e amareladas , com garras pretas; apresentava dimorfismo sexual: os machos eram maiores e possuíam bicos proporcionalmente mais longos; o bico, em média, media até 23 cm de comprimento e tinha a extremidade da mandíbula superior em forma de gancho; a moela ajudava a ave a digerir os alimentos que incluíam frutos;
as primeiras descrições de cientistas retratavam o dodó como um pequeno avestruz, um frango-d'água, um tipo de albatroz e até mesmo uma espécie de abutre; em 1842 o zoólogo dinamarquês Johannes Reinhardt propôs que os dodós fossem pombos terrestres, baseado no estudo de um crânio descoberto na colecção real dinamarquesa, em Copenhaga; a princípio esta ideia foi ridicularizada mas recebeu o apoio posterior de Hugh Strickland e Alexander Melville, na monografia publicada em 1848, “The Dodo and Its Kindred”, na qual tentaram separar o que era mito da realidade sobre a ave; depois de dissecar e embalsamar a cabeça e o pé do espécime do Museu da Universidade de Oxford e de os comparar com vestígios do também extinto Solitário de Rodrigues (Pezophaps solitaria), Strickland constatou que não eram idênticos mas compartilhavam muitas características peculiares dos ossos das pernas, então conhecidas apenas nos pombos;
a comparação do citocromo b mitocondrial e das sequências 12S de RNAr, isolados de um tarso de dodó e de um fémur do solitário de  Rodrigues, confirmou o parentesco próximo entre estas duas aves, bem como sua classificação na família Columbidae; a interpretação destas evidências genéticas mostrou que o "primo" vivo mais próximo do dodó é o pombo de Nicobar (Caloenas nicobarica), que habita o sudeste asiático, seguido pelas gouras (Goura spp.) da Nova Guiné e pela manumea (Didunculus strigirostris – Dudunculus significapequeno dodó" em Latim) da Samoa;
como os pombos, o dodó tinha a região ao redor dos olhos e próxima do bico sem penas; a fronte era alta em relação ao bico, e a narina tinha uma localização baixa, no meio do bico, sendo circundada por pele, uma combinação de características compartilhada apenas com os columbídeos; as pernas eram mais parecidas com as dos pombos terrestres do que com as de outros pássaros, tanto em relação às escamas como ao esqueleto; representações de grandes papos sugerem esse parentesco, uma vez que  esses órgãos são mais desenvolvidos nos columbídeos do que em outras aves; a maior parte dos pombos têm ninhadas muito pequenas, e acredita-se que as fêmeas de dodó pusessem um único ovo de cada vez; assim como os pombos, o dodó não tinha o osso vómer nem o septo das narinas, e compartilhava detalhes na mandíbula, no osso zigomático, no palato e no hálux; o dodó diferia dos pombos apenas no pequeno tamanho da asa e no grande bico, em proporção com o resto do crânio;

 etimologia dos nomes
o primeiro nome que lhe foi dado foi o de Walghvogel, em holandês, usado pela primeira vez no diário de bordo do vice-almirante Wybrand van Warwijck, que visitou a Maurícia durante a Segunda Expedição Holandesa à Indonésia em 1598 e que significa "pássaro sem gosto, insípido ou desagradável"; o termo foi traduzido para alemão como Walchstök ou Walchvögel, por Jakob Friedlib; o relatório holandês original, intitulado Waarachtige Beschryving, perdeu-se mas sobreviveu a tradução inglesa:
"À esquerda deles havia uma pequena ilha à qual deram o nome de ilha Hemskerk, e a uma baía a que chamaram baía Warwick (...). Ali permaneceram por 12 dias para descansar, encontrando neste lugar grande quantidade de aves grandes como cisnes, a que chamaram Walghstocks ou Wallowbirdes, sendo muito boa a sua carne. Mas ao encontrar uma abundância de pombos e papagaios, desdenharam comer mais dessas grandes aves, chamando-as (como dito antes) Wallowbirds, que significa pássaro enjoativo ou repugnante. Dos referidos pombos e papagaios, os encontraram em abundância, tendo a carne muito gordurosa e saborosa; esses pássaros podem ser facilmente capturados e mortos com pequenas varas: eles são tão mansos assim porque a ilha não é habitada, também porque nenhuma criatura que vive ali está acostumada a avistar homens."
outro relato da mesma viagem, talvez o primeiro a mencionar o dodó, afirma que os portugueses se referiam àquelas aves como pinguins; mas o termo pode não se ter originado de pinguim (pois o idioma português da época tratava tal ave como "sotilicário") e sim de pinion, uma alusão às pequenas asas;
a tripulação do navio holandês Gelderland chamou à ave "dronte" (que significa "inchado") em 1602, palavra até hoje usada em algumas línguas; esta tripulação também se referiu aos dodós como "griff-eendt" e "kermisgans", em referência às aves engordadas para uma quermesse em Amesterdão, as quais foram guardadas no dia seguinte à sua ancoragem na ilha Maurícia;
a origem da palavra dodó não é clara; alguns atribuem-na a dodoor, que em holandês quer dizer "preguiçoso", porém é mais provável que venha de dodaars, que pode significar "traseiro gordo" ou "nó no traseiro", referindo-se ao "nó" de penas na parte de trás do animal; o primeiro registo da palavra dodaars encontra-se na revista do capitão Willem Van de West-Zanen em 1602; o historiador inglês Thomas Herbert foi o primeiro a usar a palavra dodo na imprensa, em 1634, no seu livro de viagens, alegando que foi referido como tal pelos portugueses, que tinham visitado a Maurícia em 1507; outro inglês, Emmanuel Altham, usou a palavra numa carta de 1628, na qual também alegou a origem na língua portuguesa; o nome dodar foi introduzido em inglês, ao mesmo tempo que dodo, mas foi apenas utilizado até ao século XVIII; pelo que se sabe actualmente, os portugueses nunca mencionaram o pássaro; no entanto algumas fontes ainda afirmam que a palavra dodó deriva de "doudo" em português antigo (atualmente "doido"); também tem sido sugerido que "dodó" é uma aproximação onomatopaica do canto da ave, um som de duas notas parecido com o de um pombo e que se assemelhava a "doo-doo";
o nome específico cucullatus ("bordado" em latim) foi utilizado pela primeira vez por Juan Eusebio Nieremberg em 1635, como Cygnus cucullatus, com referência a uma representação de dodó feita por Carolus Clusius em 1605; na sua obra clássica do século XVIII "Systema Naturae", Carlos Lineu usou o nome específico cucullatus, mas combinou com o género Raphus (referindo-se às abetardas) em 1760, resultando no nome atual: Raphus cucullatus.

 ocorrência, habitat e ecologia
era endémico da Maurícia;
foi uma espécie de florestas secas de planície do sul e oeste, embora o possível mutualismo com a árvore-dodó ou tambalacoque´´ sugira que possa ter-se distribuído também nas terras altas; as evidências sugerem que foi predominantemente herbívoro; além de frutos caídos, o dodó provavelmente subsistiu com nozes, sementes, bolbos e raízes; também foi sugerido que poderia ter comido caranguejos e mariscos, como os seus parentes, os pombos-coroados; não se sabe como os filhotes eram alimentados, mas os pombos, "primos" dos dodós, fornecem leite de papo às crias; representações da época mostram a ave com um grande papo, que provavelmente era usado tanto para armazenar o alimento ingerido como para a produção do leite de papo; especialistas acreditam que o tamanho máximo que os dodós e solitários de Rodrigues atingiam era limitado pela quantidade de leite de papo que pudessem produzir para os filhotes, durante o crescimento inicial;
devido à provável ninhada de ovo único e ao grande tamanho da ave, foi proposto que o dodó produzia um baixo número de descendentes altriciais, o que exigia cuidados dos pais até que os filhotes se desenvolvessem; algumas evidências, incluindo o grande tamanho e o facto de que as aves tropicais e frugívoras têm taxas de crescimento mais lentas, indicam que a ave pode ter tido um período de desenvolvimento prolongado; o facto de nenhum dodó jovem ter sido encontrado no pântano Mare aux Songes, onde a maioria dos restos de dodó foram escavados, pode indicar que a ave produzia pouca prole, que amadurecia rapidamente, que as áreas de reprodução eram longe do pântano, ou que o risco de atolamento era sazonal;
era uma espécie não-voadora e muito mansa e presume-se que tenha deixado de voar devido à facilidade de obter alimento e à relativa inexistência de predadores na ilha;

sistema
terrestre

padrão do movimento
não-migrador

ameaças
a causa da extinção foi a caça pelos colonos e a predação do ninho por porcos introduzidos;
a extinção não foi imediatamente noticiada e houve quem a considerasse uma criatura mítica; os últimos representantes da espécie foram mortos no ilhéu Ile d'Ambre (Amber Island), em 1662; devido à sua mansidão e grande tamanho foi intensamente caçado para alimentação por marinheiros;
no século XIX, pesquisas conduziram a uma pequena quantidade de vestígios: quatro espécimes tinham sido trazidos para a Europa no século XVII; desde então uma grande quantidade de material subfóssil foi colectado, a maior parte no pântano Mare aux Songes;
a extinção do dodó em apenas cerca de um século, após o seu descobrimento, chamou a atenção para um problema então desconhecido da humanidade: o desaparecimento completo de diversas espécies;

fontes.
ITIS, Integrated Taxonomic System, [url] https://www.itis.gov/servlet/SingleRpt/SingleRpt?search_topic=TSN&search_value=555609#null.

IUCN Red List, [url] BirdLife International. 2016. Raphus cucullatus. The IUCN Red List of Threatened Species 2016: e.T22690059A93259513. http://dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.2016-3.RLTS.T22690059A93259513.en. Downloaded on 27 February 2017.

Wikipedia, [url]  https://pt.wikipedia.org/wiki/Dod%C3%B4
                                                    


última actualização:
02.03.2017












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