SEGUIDORES
24.8.18
17.8.18
ANIMAIS CUJA CAÇA É PROIBIDA EM ANGOLA - MAMÍFEROS
Bambi.
ETIM.
adap. de Mbambi, kimb. s.(-, ji-),
antílope maior que a corça, cervo, veado [Assis Jr.]; nhan. s.(o-, ono-),
antílope [Bonnefoux] e umb. s.(o-, olo-), veado, cabra do mato [Daniel]. || ZOO.
São conhecidos por bambi os mais pequenos antílopes que ocorrem em Angola,
bovídeos da subfamília dos Cefalofíneos, também designados cabra ou
cabrito-do-mato, entre outras designações locais. Não devem ser confundidos com
o bambi de Walt Disney, na verdade uma cria de veado-da-virgínia, Odocoileus virginianus. Os bambis vivem
em florestas, savana arbustiva e zonas de montanha com matas fechadas, até aos
3.000m de alt., onde existam cursos de água próximos. São animais noturnos que
vivem isolados ou aos pares na época de reprodução e a sua atividade ocorre ao
amanhecer, ao crepúsculo e à noite, com exceção do bambi-de-fronte-negra que
também pratica incursões diurnas. Alimentam-se de sementes e frutos caídos,
para o que contam com a ajuda dos macacos, bagas, musgo, ervas, folhas e
rebentos; é o único antílope que inclui carne na dieta: ovos, insetos, ratos,
aves e, esporadicamente, carne em decomposição. A maturidade sexual da fêmea é
atingida entre os 8 e os 12 meses e a do macho entre os 12 e os 18. São
monogâmicos, o período de gestação varia, de espécie para espécie, entre os 7 e
os 9 meses e geram uma cria por ano (muito raramente duas), que desmama entre
os 2 e os 5 meses. A fêmea mantém a cria afastada do território e resguardada
durante os primeiros 2 a 3 meses de vida, período durante o qual cria e mãe
comunicam entre si por pequenos balidos. São seus principais predadores a
águia, a civeta, o crocodilo, o gato-selvagem, o lagarto-monitor, o leopardo e
a pitão.
1. Bambi ou Cefalofo de fronte negra
Bambi-de-fronte-negra.
TAX. ZOO. Cephalophus nigrifrons
(IUCN LC), o bambi-de-fronte-negra, mede 90cm-1,10m de c. (excluindo a cauda de
10-15cm) e 45-55cm de a. ao garrote. A pelagem é castanha com exceção das patas
dianteiras e cauda que são matizadas de preto. Apresenta uma faixa preta que se
prolonga do focinho até aos chifres. Estes são curtos, anelados na base e lisos
até às pontas, pontiagudos e curvados para trás. As glândulas de almíscar estão
situadas na face, numa zona desprovida de pelos. Ocorre de N a S de Angola.
imagem: David Bygott
2. Bambi grande de dorso amarelo
TAX.
ZOO. Cephalophus silvicultor (CITES
II, IUCN LC), o bambi-grande ou gigante, o maior destes antílopes, mede
1,15-1,45m de c. (excluindo a cauda de 11-20cm) e 65-80cm de a. ao garrote para
um peso que varia entre 45 e 80kg. A pelagem é cinza escura e preta com uma
zona em forma de cunha, na parte traseira, de pêlos eréteis que variam do
amarelo ao alaranjado; a pelagem das crias é castanha escura com pintas brancas
nas partes laterais do corpo e manchada de vermelho nas partes inferiores; a
cunha traseira das crias é preta até aos 5-9 meses de idade, altura em que se
inicia o tingimento em tons amarelados; o focinho é de cor cinza-clara e os
lábios brancos. Os chifres, existentes em ambos os sexos, medem 8,5-12cm e
curvam-se ligeiramente para baixo, nas pontas. Ocorre no N de Angola.
“O
certo é que integrou o meu corpo ao seu prazer, os passos mudaram, no curto
instante em que para mim vinham os olhos de mbambi, não só examinavam o que se
passava no seu interior mas também examinavam o corpo que ia ao seu encontro.”
Pepetela 2004:128.
“Um
bambi, surpreendido na cama, levantou-se diante deles, a poucos metros, e
largou em corrida disparada, mais ágil e leve do que o vento.”Galvão1981:64.
“nérveo
/ como o saltitar do bambi / lesto e atento ao reflexo enluarado / que lhe
aponta a forma exata do fruto apetecido.” Lindo 2011:41.
“Não
gastava chumbo em coelhos nem alvejava os pequenos bâmbis, a que ali chamavam
cabras-do-mato.” Trabulo 2007:52.
3. Caama, caúmba ou vaca do mato.
ETIM.
adap. do umb. Kahama, s.(o-, olo-), ms. O.OC. Cahama. SIN. Cahumba. O.LING.
her. Okatxove; kun. ~Tso, Ds’oo. || TAX. ZOO. Alcelaphus buselaphus caama
(IUCN LC), a caama, cahumba ou vaca-do-mato é um antílope da s.fam. dos
Alcelafíneos, morfologicamente muito semelhante ao Cacu, mas que se distingue
pelo porte, pelos chifres e pela coloração, nomeadamente pela mancha negra da
fronte e pelas manchas das pernas. A caama mede 2-2,30m de c., com 45-70cm de
cauda, 1,20m-1,45m de a. ao garrote e pesa entre 150 e 200kg. A face é alongada
e a testa alta, as pernas altas e delgadas e apresenta um ligeiro desnível
entre o garrote e os quartos traseiros. A pelagem é vermelha ou
castanho-avermelhada, com a região da rabadilha mais clara; na fronte apresenta
uma larga barra negra, desde a testa até ao nariz, mas interrompida na região
dos olhos; as pernas são pretas, mas esta mancha negra não se prolonga tão
pronunciadamente, pelas espáduas e garupa, como no Cacu; a cauda, com tufos
borlados, é preta. Os chifres, existentes em ambos os sexos, em pronunciada
forma de lira, são grossos, com anéis vincados, medem entre 45 e 70cm de c. e
são mais pequenos nas fêmeas. Atinge a maturidade sexual entre o ano e meio e
os dois anos, o período de gestacção é de 8 meses e gera uma cria por
gestacção, que desmama aos 4 meses. Os nascimentos ocorrem em qualquer época do
ano. Vive na savana árida, em grupos de celibatários e grupos mistos de 6 a 20
indivíduos, formando manadas de 300 animais. Pasta ao romper da manhã e ao cair
da tarde. Durante estes períodos um dos animais coloca-se sobre uma termiteira
perscrutando o território, alerta contra os predadores. Alimenta-se de erva e,
esporadicamente, de folhas. Sobrevive durante longos períodos longe de fontes
de água. São seus principais predadores a chita, a hiena, o leão, o leopardo e
o mabeco. Em Angola ocorre na província do Cunene.
imagem: Africa Hunting Gazette
4. Chacal de flancos raiados.
O.LING. kimb. Mbulu, s.(-, ji-), carnívoro do género
“canis”, de pelo cinzento, chacal [Assis Jr.]; Taf Nafé, bal.; Djurto,
cr.gb.; Ndondu-dané, ful.; Mbunc, nal. || TAX. Animalia, Mammalia,
Carnivora, Canidae, Canis adustus
(Sundevall, 1847), ZOO. O
chacal-de-flancos-raiados tem uma cabeça com focinho longo e mandíbulas fortes
com 42 dentes, adaptados para espetar, rasgar e esmagar. As orelhas são grandes
e sensíveis ao mais pequeno som. As patas são longas e finas, suportam um corpo
musculado e um peito largo, capazes de o fazer escapar de carnívoros maiores,
quando atacado. As patas, largas, são almofadas, para o ajudarem a correr em
solo duro e providas de garras curtas. Consegue atingir velocidades da ordem
dos 60 km/h. A pelagem é cinza-bege malhada, com riscas brancas e pretas
localizadas em ambos os flancos, a sua característica identitária. A cauda, com
30-41 cm de c., que agita para comunicar com a matilha, é farfalhuda e
apresenta a ponta branca. Comunica por sinais vocais (grito explosivo, latido
de socorro, grunhidos, uivos, gemidos e gritos,
semelhantes a buzinas), olfativos (secreções das hormonais sexuais, anais e por
marcações do território), visuais (posturas e expressões faciais) e táteis
(comportamento sexual, afiliativo, materno e agressão).O dimorfismo sexual é
pouco evidente. O macho mede 66-81 cm de c. e a fêmea 65-76 e a altura média é de
45-50cm. O peso do macho é de 5,9-12 kg e o da fêmea de 6,2-10. SEX. A maturidade sexual
ocorre por volta dos 11 meses. O casal é monogâmico e pode viver conjuntamente
por toda a vida. O período de gestação é de 57-70 dias. O acasalamento ocorre
nos meses de junho e julho. Entre agosto e novembro nascem 3-6 crias, e o
intervalo de procriação é de 1 ano. Os nascimentos ocorrem numa toca
(geralmente a toca de um jimbo1) ou num morro de salalé2
abandonado. A toca compõe-se de um espaço principal, destinado ao descanso, ao
acasalamento e ao parto e 2 túneis para fuga em caso de perigo. As crias
desmamam entre as 8 e as 10 semanas. Durante as 5 primeiras semanas são alimentadas com leite materno, mas depois necessitam de carne. O macho
parte sozinho em busca da comida. Depois de apanhar a presa, esta é engolida e
levada no estômago para a toca, onde é regurgitada para as crias. Por altura da
desmama esta tarefa é compartilhada por ambos os membros do casal. A esperança
média de vida é de 10 anos em cativeiro (desconhecida em estado selvagem). É um
animal reservado e cauteloso, companheiro leal e progenitor dedicado. Pode
conviver com o chacal-de-dorso-negro, Canis mesomelas, ocupando cada qual um nicho ecológico
diferente, o que reduz a competição.
ALIM. Não é, como se julga, um ávido necrófago
nem depende de predadores mais poderosos. Passa a maior parte das suas horas de
atividade a caçar ou a procurar plantas para comer. É um animal omnívoro:
alimenta-se de frutos, sementes, cereais, pequenos roedores, lebres, aves, insetos e resíduos orgânicos. Desloca-se sozinho ou em grupos
familiares. Escava o terreno à procura principalmente de salalé. Esconde a
carne antes de se alimentar dela. Quando habita na proximidade de aldeias ou de
cidades, não hesita em caçar aves de capoeira ou assaltar as plantações. ECO. Prefere
vaguear pelo seu território camuflado pelo crepúsculo e pela noite. Vive nas
regiões húmidas de África, percorrendo as áreas costeiras, ao redor de
florestas até aos 1.700 m de alt., nos habitats abertos, na savana arbustiva,
na savana herbácea, nas terras agrícolas e também nas áreas urbanas. É nativo
de África do Sul, Angola, Benim, Botswana, Burquina Faso, Burundi, Camarões,
Chade, Costa do Marfim, Etiópia, Gabão, Gâmbia, Gana, Guiné, Guiné-Bissau,
Malawi, Mali, Mauritânia, Moçambique, Namíbia, Níger, Nigéria, Quénia,
República Centro-Africana, República Democrática do Congo, República do Congo,
Ruanda, Senegal, Serra Leoa, Somália, Sudão, Suazilândia, Tanzânia, Togo, Uganda,
Zâmbia e Zimbábue. Encontra-se em quase todo o território angolano, com exceção
da faixa costeira do SO. São seus predadores os grandes carnívoros e,
especialmente, o cão e o Homem. PROT. É acusado de matar ovelhas e
outros animais domésticos e de ser um transmissor da raiva e é, por isso, alvo
de caça. Beneficia, no entanto, do facto de estar presente em muitas áreas
protegidas. Não obstante a caça que lhe é movida, a população continua estável.
Não figura nos anexos da CITES nem da ACCNR e está classificado como LC pela
IUCN Red List. [biblio: Bout, ITIS, Mammal Species, IUCN Red List]
1. Porco-formigueiro,
porco-da-terra ou aardvark, Orycteropus
afer.
2.
Termiteira da também chamada formiga-branca, Macrotermes bellicosus.
As
designações a negrito, que se seguem aos números de ordem, são as constantes do Decreto Executivo
Conjunto Nº 37/99, de 27 de Janeiro.
Os textos
referentes às Etimologias, Taxinomia e Zoologia, bem como as citações
literárias, foram retirados da obra inédita
LINDO,
Admário Costa. O Angolense - dicionário da linguagem angolana.
Abreviaturas, Notas e Sinais
a. =
Altura.
ACCNR =
African Convention on the Conservation of Nature and Natural
Resources (Convenção Africana
para a Conservação da Natureza e
dos Recursos Naturais).adap. =
Adaptação (diacrítica/morfológica).
alt. =
Altitude(s).
bal. =
Balanta. biblio. = Bibliografia consultada.
c. = Comprimento.
CITES
I, II, III = Anexos I, II, III da CITES (1)
cr.gb.
= Crioulo da Guiné-Bissau.
ECO. =
Ecologia.ETIM. = Etimologia.
ful. =
Fula.
IUCN LC = categoria da Lista Vermelha IUCN (2)
IUCN LC = categoria da Lista Vermelha IUCN (2)
kimb. =
Kimbundu, Quimbundo.
nal. =
Nalu.
nhan. – Olunhaneka, Nhaneca.
nhan. – Olunhaneka, Nhaneca.
O.OC. =
Outras ocorrências gráficas.
PROT. =
Estatuto de Proteção e Conservação.
s. = Substantivo.
s. = Substantivo.
s.(mu,
a) = Substantivo (pref. sing., pref. pl.);
[lu-, ma(lu)] significa que o
pref. do pl. se junta
ao do s.
SEX.=
Comportamento e vida sexual.
s.fam. = Subfamília.
s.fam. = Subfamília.
SIN. =
Sinónimo.
TAX. =
Taxinomia.
umb. =
Umbundu, Umbundo.
ZOO. =
Zoologia, termo ou conteúdo zoológico.
notas:
(1)
A CITES (Convention on International Trade in
Endangered Species of Wild Fauna and Flora) Convenção sobre o Comércio
Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção,
também conhecida por Convenção de Washington, é um acordo multilateral assinado
em Washington, E.U.A., a 3 de Março de 1973 que agrupa um grande número de
Estados.
Este
Acordo tem como objetivo assegurar que o comércio de animais e plantas
selvagens e produtos deles derivados não ponha em risco a sobrevivência das
espécies nem constitua um perigo para a manutenção da biodiversidade.
A União
Europeia (UE) transpôs para a legislacção interna, o tratado da Convenção pelo
Regulamento (CE) 338/97, de 26 de Maio.
As
espécies contempladas na CITES estão inscritas em três anexos, de acordo com o
grau de proteção:
Anexo I
Lista
espécies que são as mais ameaçadas entre os animais e plantas protegidos pela
CITES. Estão ameaçados de extinção e é proibida a sua comercializacção
internacional. Contudo a comercializacção pode ser permitida sob circunstâncias
excecionais, como seja a utilizacção para fins de pesquisa científica. Tem
correspondência no Anexo A do Regulamento da UE.
Anexo II
Lista
espécies que não estando, momentaneamente, ameaçadas de extinção, podem vir a
está-lo e por isso são fortemente controladas, evitando-se uma comercializacção
não compatível com a sua sobrevivência. Tem correspondência no Anexo B do
Regulamento da UE.
Anexo III
Lista
espécies incluídas a pedido de uma das Partes, que regulamenta o comércio de
espécies e necessita da cooperacção de seus parceiros a fim de prevenir a
insustentabilidade ou a exploracção ilegal. Tem correspondência no Anexo C do
Regulamento da UE.
A UE
acrescentou, na transposição da Convenção para a regulamentacção interna, um
quarto anexo:
Anexo D – que lista espécies que, apesar de
não possuírem estatuto de proteção especial, são alvo de um volume de importações
comunitárias que justifica uma vigilância apertada.
CITES
UE refere a transposição dos Anexos CITES para a norma Europeia.
(2)
A IUCN (International Union for Conservation of Nature and Natural Resouces)
União Internacional para a Conservacção da Natureza e dos Recursos Naturais reúne 81 Estados, 113 agências governamentais, mais
de 850 ONG (organizações não-governamentais) e cerca de 10.000 especialistas e
técnicos de mais de 180 países, numa associacção mundial de caráter único.
Procura influenciar, alertar e ajudar os povos de todo o mundo a conservar a
integridade e a diversidade da Natureza e assegurar que o uso dos recursos
naturais seja equitativo e ecologicamente sustentável. É a Maior rede mundial
de conhecimento ambiental e já ajudou mais de 75 países a preparar e implantar
estratégias nacionais de conservacção da diversidade biológica.
A Lista
Vermelha das Espécies Ameaçadas (IUCN Red List of Threatened Species)
classifica as espécies de acordo com o seu risco de extinção. É uma base de
dados onde se pode encontrar informacção acerca do estado mundial e outros
dados de referência sobre cerca de 40.000 espécies. O seu principal objetivo é
identificar e documentar as espécies cuja conservacção requer Maior atenção e
oferece um índice do estado da diversidade biológica.
Categorias
da Lista Vermelha:
[ 2001
Categories & Criteria (version 3.1) ]:
EX
(Extinct) – um taxon está Extinto
quando não existem dúvidas razoáveis de que o seu último indivíduo morreu. Um
taxon presume-se Extinto quando exaustivos levantamentos em habitats conhecidos
e/ou prováveis, em épocas apropriadas (diurnas, sazonais, anuais), em todo o
seu espaço histórico, falharam no registo de um indivíduo.
EW (Extinct in the wild) – um taxon está Extinto na natureza quando se sabe que
apenas sobrevive em cultivo ou cativeiro ou como populacção (ou populações)
adaptadas, completamente fora do seu habitat anterior. Um taxon presume-se
Extinto em Estado Selvagem quando exaustivos levantamentos em habitats
conhecidos e/ou prováveis, em épocas apropriadas (diurnas, sazonais, anuais),
em todo o seu espaço histórico, falharam no registo de um indivíduo.
CR (Critically endangered) – um taxon está Em perigo crítico quando perto de um
alto risco de extinção, em estado selvagem, no futuro imediato.
EN (Endangered) – um taxon está Em perigo quando não está
Perigosamente Ameaçado mas perto de um alto risco de extinção num futuro
próximo.
VU (Vulnerable) – um taxon está Vulnerável quando não está Ameaçado ou
Perigosamente Ameaçado mas perto de um alto risco de extinção, em estado
selvagem, num futuro de médio prazo.
NT (Near threatened) – um taxon está Quase ameaçado quando a avaliacção não
o classifica como CR, EN ou VU mas está perto de ser classificado numa destas
categorias num futuro próximo.
LC (Least concern) – Seguro ou pouco preocupante - não satisfaz nenhum dos critérios CR, EN, VU e NT; os taxons muito difundidos e
abundantes estão incluídos nesta categoria.
DD (Data deficient) – Dados insuficientes.
NE (Not evaluated) – Não avaliado.
Bibliografia
ASSIS JR.
ASSIS
JÚNIOR, António de.
- Dicionário Kimbundu-Português,
Linguístico, Botânico, Histórico e Coreográfico. Argente Santos & Cª Ldª,
Luanda, s/d.
BONNEFOUX, Pde. Benedicto M.
1940. Dicionário Olunyaneka-Português. Missão da Huíla, Sá da Bandeira.
BOUT, Nicolas & Ghiurghi, Andrea.
2013/2016.
Guide des mammifères du Parc National de
Cantanhez/ Guia dos Mamíferos do Parque Nacional de Cantanhez, Guiné-Bissau.
Acção para o Desenvolvimento, Guiné-Bissau/Associazione Interpreti
Naturalistici Onlus, Itália/ Instituto da Biodiversidade e das Áreas Protegidas
da Guiné-Bissau/IUCN- União Internacional para a Conservação da Natureza,
Guiné-Bissau, ISBN: 9788890894923, [url]
https://www.researchgate.net/publication/322490831_GUIA_DOS_MAMIFEROS_DO_PARQUE_NACIONAL_DE_CANTANHEZ?enrichId=rgreq-3b7b6df5e55be373366fdf1fd3fff7b3-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyMjQ5MDgzMTtBUzo1ODI4MTQyOTE1MTMzNDRAMTUxNTk2NTE2MzEzMg%3D%3D&el=1_x_3&_esc=publicationCoverPdf.
DANIEL, Rev.º Henrique Etaungo.
2002. Ondisionalu Yumbundu, Dicionário de
Umbundo. Edições Naho, Lisboa.
GALVÃO, Henrique.
1981. Romance dos Bichos do Mato, Kurika.
Livraria Popular de Francisco Franco, Lisboa.
LINDO, Admário Costa.
2011. Solaris, O Oitavo Mar. Corpos Editora,
Porto.
PEPETELA.
2004. A
Geração da Utopia. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 7ª ed.
TRABULO, António.
2007. Os Colonos, Esfera do Caos Editores Lda,
1ª ed., Lisboa.
19.3.17
Medronheiro
árvore
folhas, flores e frutos
folhas
flores
frutos
tronco
árvore em Serralves
mapa das zonas mais adequadas à plantação
escudo de Madrid
El Oso y el Madroño (o urso e o medronho), Madrid
reino Plantae
filo Tracheophyta
classe Magnoliopsida
ordem Ericales
família Ericaceae
nome científico Arbutus
unedo L.
sinónimos Arbutus
unedo var. ellipsoidea Aznov., Arbutus unedo var. salicifolia Regel, Arbutus unedo
f. subcrenata Maire
nome comum Medronheiro, Ervedeiro,
Êrvedo, Êrvodo Meródios, Strawberry Tree, Cain, Cane, Apple Irish, Killarney Morango,
madrones ou madronas Strawberry Tree, Arbousier, Arbousier Commun, Madroño
etimologia dos nomes
Arbutus é o diminuitivo de arbor e significa arbusto; alguns autores discordam e afirmam que a
origem etimológica encontra-se no termo celta, arbois que significa áspero, rude, aludindo aos seus frutos;
a designação unedo é atribuída a Plínio, o Velho, que supostamente terá alegado
"unum tantum edo", que significa
"eu como apenas um"; não se sabe se ele quis dizer que o fruto era
tão bom que ele podia comer apenas um, ou quis dizer que o fruto era
desinteressante e, por isso, terá comido apenas um;
os membros do género são chamados madrones ou madronas nos Estados Unidos, do nome espanhol madroño;
evolução e taxonomia
foi uma das muitas espécies descritas
por Carl Linnaeus no I Volume da sua obra de 1753 Species Plantarum, dando-lhe o nome que ainda hojemantém;
um estudo publicado em 2001, que
analisou o DNA ribossômico da planta e géneros relacionados, verificou que a
planta é parafilética e está estreitamente relacionada com as outras espécies da
bacia do Mediterrâneo, como o medronheiro-oriental, Arbutus andrachne e o A.
canariensis e não aos membros do género da América do Norte;
O medronheiro, o medronheiro-oriental hibridam
naturalmente onde os seus habitats se sobrepõem; o híbrido tem sido denominado Arbutus × andrachnoides (syn A. × hybrida,
ou A. andrachne × unedo), herdando traços de ambas as
espécies progenitoras, embora os frutos não se vcriem livremente, e como
híbrido é improvável que se reproduza a partir de sementes ; é vendido na
Califórnia como Arbutus x marina
nomeado por um distrito de San Francisco, onde foi hibridizado.
características morfológicas
o medronheiro tem normalmente um
crescimento do tipo arbustivo, até uma altura de aproximadamente 5-10 m, raramente
até 15 m, com um diâmetro de tronco de até 80 cm;
o tronco, tortuoso, possui um ritidoma delgado,
gretado, pardo-avermelhado ou pardo-acinzentado, muito escamoso, caduco em
pequenas placas nos exemplares mais velhos; os ramos, erectos, são também
tortuosos e brotam do tronco a partir de 50 cm do solo e são também bastante
espaçados entre si;
a copa é arredondada, com folhas
persistentes, lanceoladas, de 5-10 cm de comprimento e 2-3 cm de largura, elípticas,
coriáceas, serradas, com pecíolo curto por vezes avermelhado, alternadas,
glabras excepto na base, lustrosas e verde-escuras brilhantes na face superior,
mais claras na face inferior, com a margem serrilhada, semelhantes à do
sobreiro;
as
flores são urceoladas, brancas ou levemente rosadas, hermafroditas, 4-6 mm de diâmetro, produzidas em panículas
terminais pendentes de 10-30 no Outono; são polinizadas pelas abelhas; são
muito decorativas;
o fruto, o medronho, é uma baga globosa
e verrugosa, com 1-2 cm de diâmetro e superfície áspera; é primeiro verde,
passando por amarelo e tornando-se depois escarlate a vermelho-escuro durante o
amadurecimento que é retardado por cerca de cinco meses depois da polinização;
desta forma o fruto amadurece no Outono, quando surgem as flores da época
seguinte; as sementes são pequenas, angulares e de cor castanha; é comestível mas
um pouco indigesto pois contém muitos taninos; se estiver muito maduro pode dar
origem a ligeiras intoxicações alcoólicas; é doce quando maduro e tem gosto
semelhante ao figo; contém vitamina C e 10-20% de açúcares; é bastante
apreciado no sul de Portugal, onde é usado na produção de licores e aguardentes
destiladas; frutifica a partir dos 8-10 anos;
utilização
do medronho, para além de poder ser
comido em fresco, fazem-se imensos derivados, desde a geleia, a aguardente (aguardente
de medronho) até aos licores, vinagres, bolachas e compotas;
em medicina popular era utilizado como
adstringente, como diurético e como anti-séptico das vias urinárias, tem um
forte poder antibacteriano e é utilizado na arteriosclerose, diarreia, doenças
do fígado e rins; o mel tem propriedades balsâmicas;
é uma árvore ornamental, devido às
flores e frutos muito vistosos que sobressaem das folhas verde-escuro, embora fora
do seu habitat natural o cultivo seja muitas vezes difícil, devido à sua
intolerância à perturbação da raiz;
os frutos, comestíveis, servem a
produzir a perfumada aguardente de medronho;
é utilizada para lenha uma vez que queima com grande
poder de fogo e aquecimento; muitos Estados do Pacífico Noroeste, nos Estados
Unidos, usam a madeira principalmente como fonte de calor, pois a madeira não
tem valor na produção de casas, uma vez que não cresce em madeiras direitas;
a madeira é também boa para tornear;
as folhas e o ritidoma contêm taninos,
úteis no curtimento de peles.
histórico
a aguardente de medronho é o ex-libris
dos destilados do Algarve; tudo indica que esta aguardente começou a ser
produzida de forma artesanal, para fins medicinais, pelos Árabes, em Monchique,
por volta do século X.; em 1940 existiam em Monchique 55 alambiques e 3
mercadores de licores (Gascon); em 1905 existiam em Loulé 61 fabricantes de aguardente
(Ataíde de Oliveira);
na Grécia a aguardente é produzida com a
designaçãode koumaro, proveniente dos frutos do arbusto designado por koumaria e está documentada desde dos
tempos dos Bizantinos (que terminou em 1453);
em Espanha também há experiências de
produção de aguardente de medronho e de outros pequenos frutos;
na ilha da Sardenha também se produz
aguardente de medronho, (corbezzolo/corbezzoli) mas o mais tradicional são os
licores, compotas e rebuçados de medronho.
ocorrência, habitat e ecologia
árvore ou pequeno arbusto, folhosa, de
folha persistente, frutífera e ornamental, nativa da região mediterrânica,
Europa Ocidental, todo o território de
Portugal continental, o Norte de Espanha, as regiões das Ilhas Canárias (Tenerife), sul da Europa, Irlanda,
norte de África, Palestina e América do
Norte, que pode ser encontrada tão a norte como no oeste de França e na
Irlanda; sobrevive em zonas de elevado declive onde dificilmente outras
culturas sobrevivem;
ocorre consociada às Quercíneas,
particularmente ao sobreiro e à azinheira, em bosques mistos, nos montados e em
zonas de matos resultantes da sua degradação, em precipícios e desfiladeiros
fluviais e em solos rochosos;
em Portugal é espontânea em quase todo o
território, embora com maior frequência a sul do Tejo, onde adquire importância
de relevo, sobretudo nas serras de Monchique e Caldeirão, nas quais ocupa
proporcionalmente grandes superfícies;
o medronheiro, devido à degradação da
floresta primitiva, é hoje uma das
únicas espécies com porte arbóreo em matos perenes, nas orlas de bosques
nas encostas e mais terras, outrora cobertas de carvalhos;
é uma árvore tolerante ao sombreamento;
suporta climas com períodos estivais secos e pluviosidade baixa, bem como
altitudes elevadas, até aos 1200 m; prefere solos siliciosos da costa ou da
montanha, mas suporta os calcários e pobres em húmus, de textura e humidade
médias; renova bem pelo cepo;
a reprodução do medronheiro obedece a um
mecanismo natural desta espécie; começa com a queda do fruto maduro, no
Outono/Inverno, a partir do qual se produz uma maceração e fermentação das
sementes; a maceração é ajudada, em grande parte, pela manta vegetal e o
sucesso de germinação, na Primavera seguinte, dependerá das condições
edafo-climáticas em que decorreu essa maceração/fermentação;
prospera com relativa exposição marítima
e tolera a poluição industrial;
vive para além de 200 anos , mas é mais produtiva entre os 15 a 25 anos;
esta espécie não foi
analisada pela IUCN Red List.
sistema
terrestre
outras notas
este arbusto de folhas persistentes estava,
para os Antigos, ligado à morte e à imortalidade: "Apressam-se a entrançar
os caniços de um esquife flexível com ramos de medronheiro e de carvalho,
erguendo um leito fúnebre sombreado de verdura", escreve Virgílio, descrevendo
as exéquias de Palas, companheiro de Eneias (ENEIDA, 11, 63-65);
o medronheiro faz parte do brasão (El
oso y el madroño) da cidade de Madrid, Espanha; no centro da cidade (Puerta del
Sol) há uma estátua de um urso comendo o fruto do medronheiro, o medronho. A
imagem aparece em cristas de cidade, táxis, tampas de homem-buraco, e outra
infra-estrutura de cidade;
o medronheiro era importante para os
povos do Straits Salish, da ilha de Vancôver, que usou a casca e as folhas da
árvore para criar produtos medicinais para o resfriamento, problemas do
estômago, tuberculose e como base para contraceptivos; a árvore também figurava
em certos mitos do estreitode Salish: de
acordo com o Straits Salish, uma forma antropomórfica de pez, iria pescar mas
voltaria à costa antes de ficar muito quente; um dia chegou tarde demais para
voltar para a praia e derreteu com o calor e várias árvores antropomórficas
correram para o agarrar - o primeiro foi Douglas Fir, que agarrou a maior parte,
o Grand Fir que ficou com uma pequena porção, e o Medronho que não recebeu nada
- é por isso que dizem que ainda não têm pez;
também, de acordo com as lendas do
Grande Dilúvio de vários sítios do noroeste, o Medronho ajudou as pessoas a
sobreviver, fornecendo-lhes uma âncora no topo de uma montanha; devido a isso o
povo Saanich não queima o medronho como agradecimento por tê-los salvado;
“My love's an arbutus, Meu amor é um medronheiro”
é o título de um poema do escritor irlandês Alfred Perceval Graves (1846-1931),
musicado pelo seu compatriota Charles Villiers Stanford (1852-1924):
My
love's an arbutus
By
the borders of Lene,
So
slender and shapely
In
her girdle of green.
And I
measure the pleasure
Of
her eyes' sapphire sheen
By
the blue skies that sparkle
Through
the soft branching screen.
But
though ruddy the berry
And
snowy the flower
That
brighten together
The
arbutus bower,
Perfuming
and blooming
Through
sunshine and shower,
Give
me her bright lips
And
her laugh's pearly dower.
Alas,
fruit and blossom
Shall
lie dead on the lea,
And
Time's jealous fingers
Dim
your young charms, Machree.
But
unranging, unchanging,
You'll
still cling to me,
Like
the evergreen leaf
To
the arbutus tree.
My Love's An Arbutus,
Joanna Henwood, melodia tradicional irlandesa
https://www.youtube.com/watch?v=xFAhnpRBwOE
fontes.
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do Xisto. Medronheiro, [url]
http://aldeiasdoxisto.pt/artigo/77, ac. 18.03.2017.
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ac. 03.11.2012.
Árvores e Arbustos de Portugal.
Medronheiro, [url] http://arvoresdeportugal.free.fr/IndexArborium/Ficha%20MedronheiroArbutusunedo.htm,
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Florestar.net. Medronheiro
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Jardim
Gulbenkian. Medronheiro, Arbutus unedo, [url] https://gulbenkian.pt/jardim/garden-flora/medronheiro/,
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Naturlink. Medronheiros e
medronhos, [url] http://naturlink.pt/article.aspx?menuid=55&cid=91192&bl=1&viewall=true,
ac. 18.03.2017.
Rota
dos Recursos Silvestres, ADRAL –
Agência de Desenvolvimento Regional do Alentejo. Medronho, [url] http://www.adral.pt/pt/rrsilvestres/recursos/Paginas/Medronho.aspx,
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https://pt.wikipedia.org/wiki/Medronheiro, ac. 18.03.2017.
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unedo Topics, [url] https://www.revolvy.com/topic/arbutus%20unedo&stype=topics,
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UTAD – Universidade de
Trás-os-Montes e Alto Douro, Jardim Botânico. Arbutus unedo, [url]
https://jb.utad.pt/especie/arbutus_unedo, ac. 18.03.2017.
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